Gramática e Dicionários
O conhecimento gramatical
O conhecimento gramatical da linguagem deve estar centrado no uso, análise e reflexão sobre o conhecimento linguístico, sempre contextualizado e em sintonia com a oralidade, a leitura e a escrita. Esta percepção da gramática como um conhecimento que está intimamente ligado a outras áreas é que leva o aluno a proficiência no uso da linguagem.
Quando a gramática deixa de ser parte de um conhecimento mais amplo e passa a ser uma finalidade em si, o aluno deixa de perceber a estrutura da linguagem e passa a decorar regras que não têm funcionalidade. Esta é a razão pela qual muitos sentem-se frustrados, pois não percebem que uma regra gramatical não é uma fórmula matemática, mas apenas um auxiliar para a compreensão da fala e da escrita.
O sistema linguístico é amplo e nunca pode ser fragmentado, pois nossas habilidades de ouvir, falar, ler e escrever são indissociáveis. Podemos dizer que são dois eixos: oralidade e escrita. A passagem de uma habilidade para outra é gradual, primeiro aprendemos a ouvir, depois a falar imitando o que ouvimos, assim aprendemos a ler e lendo nos habilitamos a escrever. Não há como fugir desta sequência.
A etapa da oralidade (ouvir/falar) não é objeto de nosso trabalho, pois todos que chegaram aqui já são eficientes falantes. A nossa preocupação é trazer o estudo da norma linguística dentro de um contexto mais amplo que envolve a leitura, as relações extratextuais e as experiências de cada um. Muitas vezes o aluno tem dificuldade para assimilar uma estrutura linguística pelo fato de não estar familiarizado com aquelas construções gramaticais. Por isso, "estudar linguagem" é "adquirir linguagem", pois não há sentido em conhecer uma estrutura frasal adequada e continuar empregando usos contrários à norma linguística.
Não há dúvida de que há muitas modalidades de
gramática como: normativa, descritiva, internalizada, de uso, contrastiva,
histórica, comparada e outras formas, mas é a normativa que será exigida em
provas e concursos, por isso sua importância. O uso internalizado da linguagem
o aluno traz do ambiente familiar e social em que vive, cabendo à escola
transformá-lo num uso adequado ao padrão normativo. No estudo da linguagem, não
há mudanças repentinas, mas assimilação constante de novos conhecimentos. A
linguagem coloquial, a gíria e os jargões são instrumentos de comunicação
eficientes, mas não são esperados em concursos e provas.
Classificação das gramáticas
Gramáticas não são todas iguais, temos uma classificação importante: há gramáticas prescritivas, descritivas, históricas, comparativas e de usos.
Gramática prescritivas – É a utilizada em sala de aula, nos concursos e rege o padrão culto da linguagem. É prescritiva, por indicar regras de uso da linguagem, isto não significa imutabilidade. A gramática prescritiva que usamos hoje não é a mesma do tempo de Camões ou mesmo de Machado de Assis. Ela evolui, mas ao longo do tempo. Por ser a eleita para provas de concursos públicos é objeto de nosso trabalho.
Gramática descritivas – Estas registram as variações linguísticas de um grupo social, de usos regionais ou mesmo de variáveis temporais. Este grupo de gramáticas permite a avaliação das mudanças linguísticas e seu acompanhamento até tornarem-se padrão. É o registro de um momento da linguagem que embasa estudos comparativos e evolutivos.
Gramáticas históricas – Embora importantíssimas, estas desapareceram das salas de aula e mesmo dos cursos de letras. São fundamentais por registrarem a evolução da língua através do tempo, marcando o percurso do latim até o português contemporâneo. Pessoalmente tenho muito apreço pela gramática histórica porque nela reside a explicação de muitos conteúdos que, às vezes, decoramos sem sabermos que há explicações bem objetivas.
Gramáticas comparativas – As línguas não são fenômenos isolados, mas participam de "famílias linguísticas" que evidenciam proximidades como no grupo das línguas latinas: português, espanhol, italiano francês e outras. Um estudo mais apurado permite identificar semelhanças e diferenças entre elas.
Gramática de usos – Podemos dizer que esta é uma gramática especializada, pois prescreve/descreve o uso de determinados vocábulos ou expressões. Muitas vezes somos surpreendidos pela presença de um determinado termo numa questão e, mesmo buscando na gramática não encontramos solução. Gramáticos mais rigorosos costumam isolar em capítulo especial o uso dos "porquês", de "onde e aonde", "abaixo ou a baixo", "acerca ou a cerca" e tantos outros usos.
Ao finalizar, reforçamos que o nosso trabalho está centrado no conhecimento gramatical que beneficia o aluno que vai prestar concurso públicos ou mesmo adquirir conhecimento linguístico que o habilite ao uso padrão da linguagem.
Recomendo algumas gramáticas que considero fundamentais para nosso estudo. Todas estão centradas no padrão culto da Língua Portuguesa, portanto são a base teórica de nosso trabalho. Cada conteúdo desenvolvido traz referência a alguma destas gramáticas. Você pode conseguir alguma delas emprestada, de algum amigo ou biblioteca, comprar na internet, pois há ofertas bem interessantes.
Indicação de gramáticas
O conhecimento lexical
A necessidade de sistematizar o conhecimento e registrar significados específicos de alguns termos, leva a edição de dicionários. Com a ampliação do conhecimento vão surgindo necessidades específicas, levando a uma variedade muito grande de dicionários.
Tomamos conhecimento do significado das palavras através do dicionário, mas ele não se restringe à explicação de verbetes, pois traz informações sobre a classe das palavras, regência, sinônimos e antônimos. Alguns trazem referências etimológicas, pronúncia e divisão silábica.
Vejamos um exemplo de verbete no dicionário Michaelis:
Estudante - es·tu·dan·te (divisão silábica); adj (m+f), sub (m+f) (classe gramatical e gênero). Que ou aquele que frequenta qualquer curso regular ou livre, a fim de adquirir conhecimento e instrução formal ou alguma habilidade; aluno, discípulo (significado). Do verbo estudar+ante, (etimologia).
Classificação dos dicionários
Há uma grande variedade de dicionários, cada um com função específica. Ao buscar um dicionário é importante ter clareza sobre o que buscamos, pois, muitas vezes necessitamos de uma obra especializada. Em linhas gerais podemos descrever os seguintes tipos de dicionários:
Dicionários da Academia Brasileira de Letras – A ABL edita duas obras principais: a) Dicionário da Academia Brasileira de Letras; b) Vocabulário ortográfico da Língua Portuguesa. O primeiro é um registro oficial do vocabulário, o segundo é um guia para a ortografia.
Dicionários técnicos – São obras especializadas em determinadas áreas do conhecimento, como o Dicionário de Linguística (Jean Dubois); Dicionário Técnico Jurídico (Deocleciano Guimarães).
Dicionários bilingues – São obras dedicadas à tradução entre duas línguas como o Dicionário Oxford Escolar (Português-Inglês / Inglês/Português).
Dicionários especializados em algumas áreas da linguagem – Dicionário de Sinônimos e Antônimos; Dicionário de Verbos e Regimes (Francisco Fernandes); Dicionário de Regência Verbal e Dicionário de Regência Nominal (Celso Luft); Dicionário de Gramática (Renato Aquino – Disponível na Amazon). Muitos dicionários possuem versão online, com acesso fácil e gratuito como o Dicionário Michaelis, acesso: https://michaelis.uol.com.br/
O importante é sempre ter a mão uma fonte de consulta.